Quando Chesterton era vivo, esculhambou os intelectuais, políticos, escritores, cientistas e jornalistas da época (grupo ao qual ele pertencia, aliás. Sem isso em mente é difícil de entendê-lo).
Denunciou seus vícios e falácias. Seja o progressismo, o relativismo; seja os ataques à família e à religião; seja o estilo de vida fútil e leviano. Esses debates e denúncias só ficaram mais atuais com o passar do tempo. Reunimos os artigos essenciais em uma coletânea para você que quer entender, afinal, quem é Chesterton e o que ele pensava.
Mas, em meio a tantas polêmicas e debates, houve um homem que Chesterton amou. Chegou mesmo a dizer que o considerava a coisa mais extraordinária do mundo:
“A coisa mais extraordinário do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns”
Esse amor pelo homem ordinário é a pedra fundamental de tudo o que Chesterton escreveu. Quer ver?
Se Chesterton foi um grande crítico da modernidade, era porque via nela uma perseguidora do homem comum, conforme escreve no artigo The Common Man a ser publicado em O Essencial de Chesterton :
“A emancipação moderna se tornou uma nova perseguição ao homem comum. Se foi emancipação para alguém, o foi de maneira especial para o homem incomum”.
O seu grande romance, A Taberna Ambulante, mais do que tratar de islamização da Europa (coisa impensável em seu tempo) mostra a perseguição ao homem comum.
O vilão, Lorde Ivywood é a síntese do “homem incomum” que a modernidade emancipou: modernista, agnóstico, vegetariano, abstêmio, burocrata. Usando pluralidade e tolerância como desculpa, persegue as tabernas inglesas. E os heróis do romance são exemplares do que há mais de comum entre os homens: um militar reacionário e um dono de bar pé no chão. O livro é uma ode ao homem comum.
Se Chesterton defendeu o tomismo e dedicou uma biografia a Santo Tomás de Aquino foi por considerar essa a “filosofia do senso comum”.
Se amou os poetas – àqueles que considerava os verdadeiros poetas, que às vezes escrevem em prosa – era porque eles elevam o povo:
“Os poetas são aqueles que se erguem sobre povo, para compreendê-lo. Os arrogantes fazem com que o povo se sinta estúpido. Os poetas fazem com que o povo se sinta mais sábio do que jamais poderia imaginar” (“The Three Kind of Man” a ser publicado em O Essencial de Chesterton).
Seu amor pelos contos de fadas, sua defesa da fé cristã, seu distributismo; todas as bandeiras de Chesterton, bem como tudo aquilo que combateu na vida, tem sua origem no amor ao homem comum. Poderíamos dizer que Chesterton escreveu por amor ao próximo; por amor a senhor idoso que joga dominó na praça, por amor à empregada doméstica, aos meninos jogando bola na rua sem saída, ao tio que faz a piada do pavê no Natal.
Essa chave de leitura para a obra de Chesterton você vai encontrar nos artigos de O Essencial de Chesterton. Apoie sua publicação e tenha em mãos a melhor introdução a Chesterton, escrita por ele mesmo.