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A Inglaterra Islâmica de Chesterton

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G.K Chesterton tinha um dom para antecipar tendências do futuro, mas quando, em seu romance de 1914 A Taberna Ambulante, ele antecipou a islamização da Inglaterra, isso parecia tão fora da realidade que era difícil levar a sério.

De fato, o livro tem um quê de extravagante. Ele mostra a errante aventura de dois estranhos britânicos, Patrick Dalroy e Humphrey Pump, enquanto eles tentam estar um passo à frente da lei, espalhando bebida de graça enquanto vagam pela Inglaterra onde o álcool foi banido. A Taberna Ambulante é seu carro equipado com um grande barril de rum, uma roda de queijo e a placa de um pub.

Aproximadamente cem anos depois, o cenário de Chesterton não parece improvável. Muitos observadores acreditam que a islamização da Inglaterra é apenas uma questão de tempo. Por exemplo, em seu livro de 2006 Londonistan, Melanie Phillips apresenta uma descrição detalhada da “colonização” islâmica da Inglaterra em andamento e mostra como isso foi possível pelo abandono de seus valores espirituais e culturais pela classe governante. Chesterton foi extremamente visionário não apenas ao imaginar que a islamização poderia acontecer, mas também antevendo como isso poderia ocorrer – pela instrumentalização de uma classe política sem raízes. A razão da proibição do álcool na história de Chesterton é porque uma elite classe alta se encantou com o islã e tudo o que é islâmico – incluindo a proibição da bebida. O chefe deles é lorde Ivywood, um diplomata nietzschiano que recorre a ajuda de um misterioso turco, Misyra Ammon, para espalhar a boa nova pela alta sociedade entediada que acha o exótico islã muito mais excitante que a própria religião tradicional.

Dentre outras coisas, o estabelecimento da nova ordem envolve reescrever a história. Enquanto Ammon pacientemente explica a sua sofisticada plateia, Inglaterra era originalmente uma nação islâmica. Isso é evidente, ele diz, na existência de inúmeros pubs com nomes islâmicos – “A Cabeça do Sarraceno”, por exemplo – bem como o carinho inglês pela palavra crescent – como em Regent’s Park Crescent e Royal Crescent. Aliás, como a elite multiculturalista de hoje, a intelligentsia de Chesterton está feliz em ouvir que a cultura exótica é superior a própria e estão bem dispostos a aceitar que virtualmente todas as descobertas científicas foram primeiros feita por muçulmanos. Como diz um dos personagens ingleses: “É claro, todas as nossas coisas vieram do Oriente… Tudo do Oriente é bom, é claro”.

Uma das importações do Orienta é a poligamia, ou, como Ammon a chama, “Alta Poligamia”. Ninguém está ainda praticando a poligamia, mas isso eventualmente ocorre a uma das jovens na história que esse é o caminho para qual as coisas estão caminhando – que a mansão de lorde Ivywood é, de fato, desenhada para ser um harém. Não tão astutas, as outras jovens preferem pensar, como diz Misyra Ammon, “que mulheres possuem a mais alta liberdade na Turquia; elas foram autorizadas a usar calças”.

Chesterton foi inteligente o bastante para perceber que algo como a islamização não pode ocorrer sem uma anterior demolição da cultura existente. Como observou Hal G.P. Colebatch:

“Chesterton não foi original apenas em perceber que um islã aparentemente vagabundo ainda era uma ameaça a Europa; mas também em perceber que a conquista islâmica não seria possível sem uma guerra cultural percursora que destrua os agentes de resistência, que o islã tem uma certa sedução para um tipo de mente ocidental abobalhada, e que os traidores não seriam as classes baixas, mas a elite abastada”.

Como Chesterton previu, e é o caso de hoje, clérigos tolos também iriam ajudar a pavimentar o caminho para o islã. Em A Taberna Ambulante, as grandes catedrais substituem a cruz por um emblema da cruz com o crescente, e os intelectuais acreditam que chegou o tempo de “uma total união entre o cristianismo e o islã”. “Algo chamado Crislã, talvez”, comenta um cético irlandês. Mas muitos estão convencidos de que cristianismo e islã são “aliados naturais” – para usar um termo em voga.

No cenário eduardiano de Chesterton, progressistas acreditam que cristãos e muçulmanos podem trabalhar juntos para “libertar a população da destruidora droga (álcool)”. Hoje, alguns conservadores acreditam que cristãos e muçulmanos podem trabalhar juntos para lutar contra a pornografia e restaurar a moralidade sexual. E lá, como agora, muitos acreditam que temos muito o que aprender com o islã. Como lorde Ivywood diz: a nossa era é uma era em que homens percebem cada vez mais que cada credo traz um tesouro para si, que cada religião traz um segredo para seu semelhante…e cada igreja mostra um conhecimento.
Ou, como outro autor contemporâneo clama: “Islam tem grandes e profundas raízes de moralidade e santidade que deveria nos inspirar, envergonhar e nos levar a admiração e imitação”.

No livro, como agora, parte da abertura ao processo de islamização é completada pelo emprego de eufemismos politicamente corretos para esconder fatos. O recluso senhor da guerra turco, Oman Pasha, que tomou uma mansão ao lado Ivywood, e quem, com ajuda de Ivywood, está secretamente construindo um exército turco na Inglaterra, é chamado pelos tolos vizinhos de “cavalheiro do mediterrâneo”. “A descrição”, nota o autor, “não iluminava, e provavelmente não tinha essa intenção”. Em nossos dias, a elite inventou todo um leque de termos “novilingüísticos” para acobertar a violência islâmica. Assim, na Inglaterra e Europa, gangues muçulmanas que destroem e estupram em massa são chamadas na televisão de “jovens asiáticos”, ou simplesmente “jovens”. E terroristas islâmicos são diariamente designados pelo termo genérico e indefinido de “extremistas violentos”. Enquanto isso, em escolas públicas e privadas, crianças são ensinadas que jihad é uma luta espiritual interna para ser uma pessoa melhor. Talvez a mãe de todos os eufemismos escolhida para nos manter com a guarda baixa seja a exaustivamente repetida alegação que islã é uma religião de paz. Essa frase não aparece na história de Chesterton, mas Misyra Ammon garante aos seus ouvintes que o islã é uma religião devotada a servir aos outros.

O romance profético de Chesterton acerta desconfortavelmente perto do alvo. Uma coisa que ele não antecipou, entretanto, é que a islamização completa da Inglaterra poderia ser realizada sem a importação de um exército estrangeiro. Desde que a Inglaterra moderna já importou imigrantes muçulmanos o suficiente para preparar uma significante mudança cultural, uma ocupação militar não será necessária. Por outro lado, Chesterton estava certo. Ele antecipou que uma tomada islâmica seria facilitada por uma elite cultural ansiosa por mostrar a própria tolerância por novas ideias e modas e um proporcional desdém por sua cultura tradicional. Nos dias de Chesterton, sua elite cultural era conhecida pela suposta erudição; hoje é a elite que detém poder midiático. E, como na história, eles estão ansiosos para crer que muçulmanos descobriram ou inventaram tudo debaixo do sol.

Recentemente, por exemplo, o presidente turco Erdogan, afirmou que os muçulmanos que primeiramente descobriram a América e isso, sem dúvida, será logo levado a sério pelos educadores ocidentais. Multiculturalistas adorariam que a América tivesse sido descoberta não por europeus brancos e cristãos, mas pelos muçulmanos. Isso encaixaria bem com suas décadas de campanhas para minar a tradição ocidental. Graças a seus professores, a média dos estudantes ocidentais não sabe muito de história, mas ele sabe que foi criado em uma cultura podre com uma longa história de racismo, sexismo e imperialismo.

Muito do que Chesterton visualizou já aconteceu. Emblemas com a cruz-crescente não apareceram em nossas catedrais, mas muitas igrejas no ocidente já foram vendidas a grupos islâmicos que a tornaram mesquitas. E muito recentemente, em um gesto de “crislãmismo”, a catedral de Washington abriu suas portas para uma oração muçulmana. Enquanto isso, um alto bispo anglicano recomendou que a coração do príncipe Charles deveria ser aberta com uma leitura do Corão. O gesto, ele diz, seria um “criativo ato de acolhimento” para fazer os muçulmanos se sentirem “gentilmente abraçados”.

Na Inglaterra que Chesterton imaginou, poligamia era apenas um vislumbre de lorde Ivywood. Hoje em dia, para todos os efeitos, é uma instituição. Embora poligamia continue ilegal, ela é, de fato, uma prática crescente entre os muçulmanos da Grã Bretanha. Ao invés de garantir o cumprimento da lei, policiais e cortes culturalmente sensíveis fazem vista grossa, e agências de bem estar fazem o melhor para prover suporte material. Um muçulmano com quatro esposas pode esperar auxílio do Estado para cada uma delas – tudo assinado em seu nome.

Uma das coisas que ocidentais buscam conforto quando contemplam o islã radical é que nós possuímos exércitos poderosos e polícia bem treinada. Novamente, Chesterton desfaz nossa ilusão. Enquanto se desmonta, a Inglaterra de A Taberna Ambulante vai se desarmando militarmente tanto quanto culturalmente. Gradualmente fica claro aos cidadãos que os policiais são poucos e os que restam são obrigados a vestir o fez turco. Eles também descobrem que enquanto Ivywood e Pasha traziam secretamente um exército turco, o “exército britânico praticamente debandou”. Eu não sei se a polícia britânica decresceu em número, mas, qualquer que seja seu tamanho, ela se tornou uma das organizações mais politicamente corretas do planeta. Por exemplo, a polícia metropolitana de Londres exigiu em 2009 que 27% dos novos recrutas fossem negros ou minorias étnicas e 41% mulheres. Muitos deles poderiam estar vestindo um fez ou hijabs porque, se você diz algo crítico sobre a religião de paz, você rapidamente se verá diante de um juiz sendo acusado de islamofobia. Quando, por exemplo, o candidato Paul Weston leu publicamente em voz alta a opinião que Churchill tinha do Islã em The River War, rapidamente foi preso.

E para o exército britânico não foi desmontado, mas as forças armadas do Reino Unido não são o que costumavam ser. O mesmo pode ser dito das forças da OTAN em geral. Você pode contar com elas para marcharem na parada do orgulho gay ou ajudar a pacientes com ebola ou mesmo saírem em uma operação de paz, mas guerras em múltiplas frentes são outro assunto. Os Estados Unidos, maior membro da OTAN, reduziu drasticamente o tamanho e a força militar. Os Estados Unidos planejam reduzir seu exército a níveis pré – Segunda Guerra Mundial, o número de navios é menor do que em 1917, e de acordo com muitos relatórios, a administração Obama está sutilmente conduzindo um massivo afastamento de renomados oficiais militares. 

Nesse ponto em que o Islã está avançando pela jihad encoberta e a jihad armada por todo o mundo, o Ocidente está baixando a guarda, literalmente e metaforicamente. E enquanto isso, os lordes Ivywoods do mundo nos asseguram que não há o que temer do Islã. O que um dia parecia uma ficção fantástica está rapidamente se tornando real. Chesterton não ficaria surpreso.

 

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