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A Lava-Jato descobriu o que Chesterton escreveu há cem anos

A história de Hudge e Gudge está na primeira página de nossos jornais de hoje. Mas ela estava em um livro em 1910.

Essa semana quase cem políticos se tornaram investigado pela Operação Lava-Jato. O motivo? Delações de Marcelo Odebrecht. Parece que, da noite para o dia, tudo o que o brasileiro sempre repetiu foi comprovado:

É tudo ladrão

O caso de roubos e corrupções astronômicas, como “nunca antes na história desse país”, parece uma trama tão complexa e cheia de nuances que o mais hábil romancista não seria capaz de elaborar. Chesterton não iria tão longe, com petistas demagogos, tucanos sórdidos e donos de empreiteiras nos bastidores, sustentando um grande esquema de perpetuação de poder. É uma trama exaustiva, e sinceramente, enjoativa.

Mas a premissa é simples: grandes empresários sustentavam propinas e esquemas de corrupção em troca de vantagens. É um caso simples de promiscuidade entre o industrial e o estatal.

E isso Chesterton não só poderia escrever. Ele previu.

Está tudo lá em O Que Há de Errado com o Mundo. Desde 1910. É a história de Hudge e Gudge.

Os personagens são uma alegoria à esquerda e a direita modernas. Um, um típico industrial do início do século XX. O outro, um militante progressista no melhor estilo da social-democracia inglesa. Veja como Chesterton os descreve:

“Gudge é hoje um velho tory do Carlton Club, corrupto e apoplético. Se lhe falam de pobreza, ele urra com voz grossa e rouca algo que se conjectura ser ‘por que não vai você ajudá-los?’ Tampouco Hudge está feliz: é agora um vegetariano magricela de barba grisalha e pontuda, portador de um sorriso fácil e nada natural. Vive a dizer a todo o mundo que pelo menos dormiremos todos num único quarto universal, enquanto habita uma cidade-jardim, como alguém de quem Deus se esqueceu”.

Chesterton introduz esses personagens em O Que Há de Errado com o Mundopara nos mostrar como no fundo tanto o megaempresário quanto o defensor do estatismo, na prática, espoliam o homem comum. No seu exemplo, envolvendo questão populacional das cidades industrias, Gudge defende que se deixe as populações vivendo em cortiços de condições sub-humanas. Hudge, por sua vez, milita pela criação de abrigos públicos construídos pelo governo, o que na prática mantém a população na mesma situação.

Os dois acabam impedindo a aspiração natural do homem: ter o próprio teto.

Salvo alguns estereótipos muito típicos da realidade inglesa do início do século XX, a alegoria de Hudge e Gudge lança uma luz sobre a epidemia de corrupção brasileira. É típico de Chesterton mostrar como a grande e empresa e o grande estado costumam se favorecer, e no fundo, são o mesmo problema. Ambos costumam se atrair, e não raras vezes, se favorecer. E quase sempre, prejudicar o homem comum.

Nos nossos jornais, desde o início da Operação Lava-Jato, são as figuras de Hudge e Gudge que estampam as primeiras páginas. Pairam suspeitas, denúncias e citam o nome de Lula, Dilma, Aécio & cia, os nossos Hudges. E quem faz a delação são os grandes empresários Marcelo Odebrecht e Eike Batista, o mais perto que temos de Gudges.

Sua alegoria de mais de cem anos encontra no Brasil do século XXI uma comprovação hiperbólica. Se Hudge e Gudge por defesa ideológica impedem o homem comum de ser proprietário, Lula e Odebrecht por amor a própria ganância saqueiam a nação de homens pobres.

www.sociedadechestertonbrasil.org


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