Como bem refletiu Chesterton no Homem Eterno, de acordo com os verdadeiros registros disponíveis, a barbárie e a civilização não eram estágios sucessivos no progresso do mundo. Eram situações que existiam lado a lado, tal como ainda existem lado a lado. Existiam civilizações como existem civilizações agora, existiam selvagens agora como existiam selvagens então.
Sugere-se que todos os homens passaram por um estado nômade; mas é certo que houve alguns que nunca saíram dele, e não parece improvável que tenha havido alguns que nunca chegaram a ele.
É provável que, desde os tempos mais primitivos, o agricultor estático e o pastor andarilho fossem dois tipos distintos de homens; e o rearranjo cronológico deles nada é mais que uma marca da mania de estágios progressivos que em grande medida falsificou a história.
Dito isto, fica realmente difícil se definir conservador ou revolucionário.
Podemos dizer que o conservador, que defende as estruturas da civilização, é, na verdade, um revolucionário. Pois a civilização é também uma revolução do homem contra a tirania conservadora e reacionária da natureza.
Um revolucionário comunista, ao sugerir que houve um estágio comunista primitivo, no qual a propriedade privada era desconhecida em toda a parte, está paradoxalmente invocando a autoridade do passado nos seus planos mais ousados para o futuro. Um revolucionário comunista, neste caso, se assemelha mais a ultra-conservador e é mais reacionário e apegado ao passado que todos os seus inimigos juntos.
No final das contas, determina-se conservador ou revolucionário sempre tendo em vista essa falsa linha imaginária do tempo histórico, que reduz tudo ao mínimo denominador comum.
Quando disse que confiava na Igreja pois era velha e tinha passado por muitas coisas ao longo da história, a única coisa que quis valorizar ali é a solidez e a unidade mantida todo esse tempo, não o fato de ser velha.
Se eu valorizasse apenas o fato dela ser velha, quer dizer que eu não seria cristão no primeiro século?