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Conselho Chesterton aos jovens

“O que temos que ensinar aos jovens é como se divertir. Até que possa se divertir consigo mesmo, ele se tornará cada vez mais farto de se divertir com todas as demais coisas. O que temos de ensiná-lo é a se alegrar.

Neste momento, o jovem está cada vez mais subordinado a certas coisas que ele acredita que o divertirão. E, a julgar pela expressão de sua fisionomia, elas não o divertem muito. Quando considerarmos o que ele recebem isto de fato é o milagre, a fartura e a concentração do mais esplendoroso divertimento. Ele pode viajar em um carro de corrida quase tão rápido quanto uma bala de canhão; e ainda ter seu carro equipado cm antenas de radiotransmissão de todos os cantos do mundo. Pode captar Viena e Moscou; pode ouvir o Cairo e Varsóvia; e se não pode ver a Inglaterra, por onde ele calha de estar viajando, isto é, afinal de contas, um problema menor. Em um século, sem dúvida, seu carro viajará como um cometa, e suas antenas ouvirão os sons da lua. Mas tudo isso não o ajuda tampouco quando o rádio para e ele tem de se sentar bem quieto em um carro silencioso sem nada sobre o que falar. Se se considerar que coisas são lançadas sobre ele, as que ele recebe são de fato cataratas gigantescas de coisas; Niágaras cósmicas, jamais lançadas antes sobre ser humano algum, estão sendo lançadas sobre ele. Mas se se considerar o que vem dele, como resultado de toda essa assimilação, o resultado que temos de registrar é bem sério. Na maioria dos casos, nada. Nem, ao menos uma troca de ideias, como era o costume. Ele efetivamente não tem argumentos extensos, como os jovens faziam quando eu era jovem. O primeiro e surpreendente efeito de todo este barulho é o silêncio. O segundo, quando tem ânsia de escrever ou dizer alguma coisa, é sempre uma ânsia no sentido de uma irritação.

G. K. Chesterton. O tempero da vida e outros ensaios. Editora Graphia, p.178.

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