Existe uma dificuldade em entender Chesterton: ele é grande. Gigante. Intelecto tão avantajado quanto a pança. E escreveu de tudo, sobre tudo.
Por isso estamos organizando uma coletânea com o essencial de seus textos.
Chesterton fez apologia cristã, crítica social, debateu com os grandes da época, lutou pela família e pela propriedade e escreveu ficção da melhor qualidade.
Não por acaso, ninguém entendeu nada.
Alguns o consideram apenas mais um escritor cristão piedoso. Outros o veem como um desses polemistas que gostava de criticar todo mundo. Ora aparece mais à direita, com sua defesa da família e da propriedade privada. Ora acusam suas ideias distributistas e sua retórica revolucionária de socialista.
Mas é inútil tentar colocar um rótulo em Chesterton. E parece que o mais comum hoje seja defini-lo como “um intelectual conservador”.
Chesterton não era apenas um escritor conservador
De fato, a Inglaterra tem uma tradição com o pensamento conservador, que remete a Edmund Burke. E Chesterton defende os valores tradicionais da família, da religião cristã, da propriedade. Desejava conservar essas coisas.
Mas ele considerava que a Inglaterra de seu tempo precisava ser revolucionada para que essas coisas fossem salvas. ”Se quisermos salvar a propriedade, teremos de distribuí-la quase tão severa e radicalmente como fizera a Revolução Francesa. Se quisermos preservar a família, teremos de revolucionar a nação” (O Que Há de Errado com o Mundo).
Consequentemente, ele não tinha nenhum interesse em conservar a Inglaterra burguesa, industrial, cética e agnóstica do seu tempo. Grande parte de suas críticas foram aos capitalistas e conservadores de seu tempo como quando ele escreve no artigo As tolices dos nossos partidos :
“Todo o mundo moderno está dividido entre conservadores e progressistas. O papel dos progressistas é continuar cometendo erros. O papel dos conservadores é evitar que os erros sejam corrigidos. Mesmo quando o revolucionário se arrependesse da revolução, o tradicionalista já a estaria defendendo como parte de sua tradição. Portanto, temos dois grandes tipos de pessoas: a avançada que se precipita para a ruína, e a retrospectiva que aprecia as ruínas”.
Por isso é um erro classificar Chesterton como um intelectual conservador. Ele não se via como um conservador. E também nunca quis ser intelectual.
Chesterton quis ser um jornalista
Grande parte dos textos essenciais de Chesterton foram publicados no jornal. Chegou mesmo a ser editor-chefe do The New Witness, jornal de seu irmão, que depois se tornou o G.K. Weekly.
A maioria das polêmicas que o tornaram famoso foram desencadeadas em jornais. Como o debate que culminou com a publicação de Ortodoxia, que começou com sua resposta a um jornal socialista.
E ele fez assim porque, mais do que tudo, sempre quis falar para o homem comum. O homem ordinário, o trabalhador simples. E é impossível entender Chesterton sem isso em mente.
Por isso, não leia Chesterton como um teórico do conservadorismo. Leia-o da perspectiva de um homem comum (como, felizmente, você deve ser) em uma conversa informal com um amigo. É a melhor forma de entendê-lo.
E para ir direto ao cerne do pensamento chestertoniano sem se perder nessa obra monumental, garanta seu exemplar de O Essencial de Chesterton. Quem sabe, com esse livro publicado, esse gigante seja um pouco mais compreendido.
Ortodoxia é um clássico que não pode deixar de ser lido, segundo Professor Monir. Entretanto, pesquisando um pouco, concluí que deveria ler Heretics, antes de ler Ortodoxia, segundo o próprio Chesterton. Confesso que estou um pouco perdido, leitura difícil de entender, espero que quando ler Ortodoxia tudo seja aclarado. Saudações a todos.
Conheci as publicações de G. K. Chesterton a pouco tempo, com o livro “O que há de errado com o mundo”, mas tem sido uma leitura tão agradável que já adquirie outros livros pra conhecer mais sobre esse escritor. Também, e não menos importante, pelo contrário, o Padre Paulo Ricardo está lançando um curso de estudos sobre Chesterton com início dia 28.01.2020, pelo seu site…